Gouveia é vice-campeão no SuperSurf ASP Masters


Fábio Gouveia, Peterson Rosa e Nathan Webster

Fábio Gouveia, Peterson Rosa e Nathan Webster

O australiano Nathan Webster derrotou o brasileiro na decisão Masters e o neozelandês Iain Buchanan bateu um bicampeão na final Grand Masters

Praia do Arpoador, Rio de Janeiro (31 de julho) – O australiano Nathan Webster, 37 anos, frustrou a torcida brasileira no último duelo do SuperSurf ASP World Masters Championship no Rio de Janeiro. Longas calmarias marcaram as fases decisivas no domingo, com poucas ondas sendo surfadas pelos finalistas. O paraibano Fabio Gouveia, 41, só conseguiu pegar duas na bateria final e terminou como vice-campeão Masters, categoria dos surfistas com 36 a 49 anos de idade.

O paranaense Peterson Rosa, 36, e o cabo-friense Victor Ribas, 39, dividiram o terceiro lugar no pódio. Já na Grand Masters, o cinqüentão que festejou o título mundial no Rio de Janeiro foi Iain Buchanan, da Nova Zelândia, que completou 50 anos de idade em março e estava estreando na categoria. Na final, derrotou um bicampeão mundial Grand Masters, o australiano Wayne Bartholomew, 56 anos.

Apesar da maioria brasileira entre os classificados da Masters para o domingo, seis contra dois estrangeiros, Nathan Webster encaixou o seu surfe nas direitas do Arpoador. Foi nelas que ele despachou o americano Shea Lopez em sua primeira participação no domingo decisivo do SuperSurf ASP World Masters, acabou com a invencibilidade de Victor Ribas na semifinal e faturou o prêmio máximo de 25.000 dólares oferecido para os campeões mundiais.

“Estou muito honrado de poder ganhar um evento com tantas lendas, foi uma semana incrível de convivência com eles todos e chegar no topo é uma sensação indescritível”, falou Nathan Webster. “Quando eu recebi o convite para vir pra cá participar do evento eu não conseguia acreditar, queria muito voltar ao Brasil, fazer o meu melhor, tentar vencer e foi como um sonho que se tornou realidade. É a primeira vez que eu participo da categoria Masters e já começar com uma vitória é como se eu estivesse iniciando uma nova carreira, pois com 37 anos ainda sou um novato (risos)”.

Webster se posicionou para pegar as direitas e se deu bem, consolidando-se na liderança desde a sua primeira onda, nota 7. Gouveia escolheu ficar mais próximo da pedra do Arpoador e só surfou uma onda boa, nota 6,25. Depois, esperou, esperou e nada de ondas mais para ele. Já o australiano ainda achou duas direitas para sacramentar a vitória por 14,50 x 10,75, com a nota 7,5 da sua terceira e última onda surfada na bateria, contra apenas duas do brasileiro.

“Fiquei observando o mar e na final da Grand Masters entrou uma esquerda aqui no canto que eu não vi durante toda a semana. Como o meu forte estava no backside (surfando de costas para as ondas), decidi ficar ali”, contou Fabinho. “Eu não teria outra chance de ganhar dele se não fosse assim, porque o frontside dele nas direitas estava muito forte e o meu não, então minha salvação era ficar ali, só que não veio onda nenhuma, infelizmente”.

Mesmo ficando tão próximo de um título mundial inédito na sua brilhante carreira e também para o Brasil, Gouveia ficou feliz com o seu desempenho no SuperSurf ASP World Masters. “Pena que tivemos uma semana fraca de ondas aqui no Arpoador. Eu não comecei bem o evento, vim melhorando depois e chegar na final foi melhor do que a minha expectativa. A gente sempre quer o título, mas essa semana com essa galera toda já valeu para mim, foi alucinante, uma festa dentro do surfe, pois não é comum reunir tanta história num só lugar como foi aqui. Eu queria a vitória, mas no geral saio feliz com o vice também”, falou Gouveia, que recebeu 10.000 dólares de prêmio pelo segundo lugar.

Na Grand Masters, o grande favorito era o australiano Wayne Bartholomew, que conquistou o bicampeonato mundial em 2003 no Havaí sem perder nenhuma bateria em Makaha Beach. Na Praia do Arpoador, só não tinha vencido na sua estreia no SuperSurf ASP Masters e tentou tudo para faturar o tri no Brasil, mas faltou onda para isso. Iain Buchanan, da Nova Zelândia, participou da categoria Masters até 2003 e surpreendeu no último dia quando derrotou o campeão mundial de 1977, Shaun Tomson, da África do Sul. Depois despachou Glen Winton, que dividiu o terceiro lugar com o também australiano Simon Anderson, inventor das três quilhas nas pranchas que são utilizadas até hoje.

Na decisão do título, os dois começaram com ondas parecidas. A do neozelandês valeu nota 4,75 e a do australiano que por muitos anos foi presidente da ASP saiu nota 4,25. Iain Buchanan surfou outra onda nota 4,00 e foi só. Wayne ainda tentou a virada várias vezes, mas apenas na última chegou perto disso, com a nota 4,10 não sendo suficiente para a virada no placar encerrado por uma pequena diferença de 8,75 x 8,35 pontos. O campeão era o mais jovem dos competidores com 50 anos ou mais de idade e festejou bastante a conquista do título em sua estreia na categoria.

“É muito especial, porque todos os caras são grandes lendas do esporte, somos todos amigos, cresci com essa galera viajando pelo mundo e só de estar aqui no Rio com todos eles já tinha sido demais para mim”, falou Iain Buchanan, que levou o prêmio máximo de 25.000 dólares na Grand Masters. “Eu não vinha aqui para o Rio desde 1984, a cidade é fantástica, nos divertimos bastante , conhecemos muita coisa e foi muita felicidade durante toda essa semana. Fazia 8 anos que este evento não era realizado e ele é demais, único, todo mundo quebrando as ondas e eu não esperava ser campeão, mas as coisas foram acontecendo, fui passando as baterias e quando vi estava na final. Foi demais”.

O australiano Wayne Bartholomew queria muito o tricampeonato e lamentou a falta de ondas. “Foi desapontador, ficou flat (sem ondas) a maior parte da bateria, mas isso acontece. Mesmo assim, foi muito bom estar aqui e mostrar que ainda posso ser competitivo, conseguir surfar neste nível é algo que me dá orgulho, me mantém sempre olhando pra frente, apesar da idade. É muito importante para o nosso esporte a existência do Mundial Masters e fiquei feliz pela iniciativa do Brasil em resgatar a competição. Certamente no ano que vem estaremos todos aqui novamente”.

GRANDE FINAL DA CATEGORIA MASTERS – 36 a 49 anos:
Campeão: Nathan Webster (AUS) com 14,50 pontos – US$ 25.000
Vice-campeão: Fábio Gouveia (BRA) com 10,75 pontos – US$ 10.000

SEMIFINAIS MASTERS – 3.o lugar – US$ 6.500:
1.a: Nathan Webster (AUS) 13.50 x 12.40 Victor Ribas (BRA)
2.a: Fabio Gouveia (BRA) 12.00 x 7.15 Peterson Rosa (BRA)

QUARTAS DE FINAL MASTERS – 5.o lugar – US$ 5.000:
1.a: Nathan Webster (AUS) 10.90 x 5.50 Shea Lopez (EUA)
2.a: Victor Ribas (BRA) 12.35 x 12.00 Fabio Silva (BRA)
3.a: Fabio Gouveia (BRA) 13.75 x 9.30 Renan Rocha (BRA)
4.a: Peterson Rosa (BRA) 11.25 x 10.70 Guilherme Herdy (BRA)

FINAL DA CATEGORIA GRAND MASTERS – 50 anos ou mais:
Campeão: Iain Buchanan (NZL) com 8,75 pontos – US$ 25.000
Vice-campeão: Wayne Bartholomew (AUS) com 8,35 pontos – US$ 10.000

SEMIFINAIS GRAND MASTERS – 3.o lugar – US$ 6.500:
1.a: Iain Buchanan (NZL) 11.80 x 10.00 Glen Winton (AUS)
2.a: Wayne Bartholomew (AUS) 9.50 x 6.60 Simon Anderson (AUS)

QUARTAS DE FINAL GRAND MASTERS – 5.o lugar – US$ 5.000:
1.a: Glen Winton (AUS) 13.25 x 5.40 Cheyne Horan (AUS)
2.a: Iain Buchanan (NZL) 9.05 x 8.60 Shaun Tomson (AFR)
3.a: Wayne Bartholomew (AUS) 12.50 x 9.10 Terry Richardson (AUS)
4.a: Simon Anderson (AUS) 12.40 x 8.90 Michael Ho (HAV)

Por: João Carvalho

Tags: