Kelly Slater é bicampeão em Trestles

Uma terceira final consecutiva inédita com os mesmos surfistas, fechou a sétima etapa do ASP World Tour na Califórnia. Kelly Slater venceu a do Taiti, Owen Wright ganhou a de Nova York e o desempate só foi decidido no minuto final do Hurley Pro. O australiano virou o placar com os 8,87 pontos da sua última onda, mas na de trás Slater arrancou uma nota 9 dos juízes para conquistar o bicampeonato em Trestles por 17,50 x 16,74 pontos.

“O Owen (Wright) é um duro adversário, está surfando muito bem”, destacou Slater. “Não existem pontos fracos no seu surfe e ele vai ser um destaque no circuito por muitos anos ainda. Um monte de caras tentaram derrotá-lo nesta semana e eu tive sorte no final que veio onda pra mim também. Tem sido divertido surfar contra o Owen e quero agradecer a todos pelo apoio e pela torcida aqui. Foi tudo maravilhoso”.

O australiano também está feliz pela nova rivalidade com o maior ídolo do esporte. “Nós já tivemos grandes baterias, mas fazer três finais seguidas com ele (Kelly Slater) é muito especial para mim, ou para qualquer um. Infelizmente não entrou muita onda na bateria, mas no final elas apareceram e a disputa foi emocionante”.

As duas últimas ondas de cada um acabaram fazendo o placar da decisão do Hurley Pro 2011. Slater somou notas 8,5 e 9,0, contra 7,87 e 8,87 do australiano. A vitória valeu um prêmio especial de 105 mil dólares para Slater, que segue firme rumo ao seu 11.o título mundial na carreira, abrindo mais de 5.000 pontos de vantagem na liderança do ASP World Title Race 2011. Esta foi a quinta vez que ele comemora um título em Lower Trestles.

FENÔMENO – A longevidade de Slater é impressionante. Ele festejou a sua primeira vitória em Trestles no longínquo ano de 1990, exatamente quando nasceu o seu principal adversário no momento, Owen Wright, em 16 de janeiro. Slater já competiu contra várias gerações e continua no topo com uma forma física e técnica invejável, sempre renovando seu repertório de manobras ao longo dos anos, como os aéreos, que ganharam valorização nesta temporada. Detém todos os recordes da história do ASP World Tour, aumentando o de vitórias para 48 com o terceiro título conquistado nas sete provas de 2011.

Na quarta-feira de boas ondas de 3-4 pés, as melhores da semana em Lower Trestles, Kelly teve trabalho para derrotar o brasileiro Heitor Alves numa semifinal empolgante, igualmente definida no último minuto da bateria como na final contra Owen Wright. O número 1 do mundo precisou fazer um novo recorde de 18,40 pontos no Hurley Pro para superar os 16,57 do cearense, que festejou o seu melhor resultado em etapas do ASP Tour.

Foi a primeira vez que Heitor passou pelas quartas de final. Com o terceiro lugar na Califórnia, ele subiu da vigésima para a 14.a posição no ranking, entre o catarinense Alejo Muniz (13.o) e o potiguar Jadson André (15.o). O brasileiro mais bem colocado é o paulista Adriano de Souza, que ganhou uma posição nos Estados Unidos e agora é o quarto na corrida do título mundial da temporada, atrás apenas de Slater, Wright e Joel Parkinson.

VOLTA O TABU – O cearense abriu o último dia do Hurley Pro despachando o australiano Taj Burrow na repescagem. Depois, ganhou o duelo caseiro com Adriano de Souza. A bateria foi fraca de ondas e Heitor levou a melhor por uma pequena diferença no placar, encerrado em 12,77 x 12,50 pontos. Esta foi a quarta vez consecutiva que Mineirinho é eliminado por brasileiros no ASP Tour 2011.

Após a vitória no Billabong Rio Pro, quando se tornou o primeiro brasileiro a liderar o ranking mundial, Adriano foi barrado pelo catarinense Alejo Muniz na África do Sul, depois pelo carioca Raoni Monteiro no Taiti e pelo potiguar Jadson André em Nova York. O tabu parecia ter terminado quando Mineirinho passou por Jadson na terceira fase em Trestles, mas retornou com a derrota para Heitor Alves nas quartas de final.

“Eu estava muito tenso de competir com o Mineiro que surfa muito essas direitas e esquerdas daqui, além da ótima fase que atravessa”, disse Heitor Alves, após a vitória sobre Adriano de Souza. “Eu nem acredito que consegui vencer, mas o surfe está no pé e é do esforço de muitos treinos que vêm os resultados”.

KELLY X HEITOR – O cearense surfou bem contra o decacampeão mundial, mesmo com Slater abrindo a bateria com uma nota 8,83 na onda iniciada com um aéreo sem as mãos, seguido por várias manobras numa longa direita em Trestles. Aos 12 minutos, Heitor entrou no jogo numa esquerda que ele também começou com um aéreo rodando decolando de rabeta e foi mandando batidas e rasgadas, floater e um 360 para ganhar nota 8,07.

Depois, os dois passaram a pegar a mesma onda, com um indo para a direita e outro para a esquerda. Isso aconteceu três vezes e só na última tudo foi decidido. Kelly destruiu a direita com uma variedade incrível de manobras executadas com velocidade para confirmar o recorde de 18,40 pontos com uma nota 9,57. Heitor surfou no mesmo nível, acertou dois aéreos na esquerda e ganhou nota 8,5 para totalizar 16,74 pontos. Entre os brasileiros, esta marca só não superou os 17,80 de Jadson André na primeira repescagem do campeonato.

“É muito difícil ganhar do Kelly (Slater), ainda mais aqui onde ele já foi várias vezes campeão”, disse Heitor Alves. “Ele tira manobras do nada, as ondas parecem que vêm pra ele, mas tenho consciência que fiz bem o meu papel, dei o máximo de mim para tentar chegar na final, mas não deu. Mesmo assim, estou muito feliz pelo terceiro lugar, é o melhor resultado da minha carreira e foi bom também para ganhar confiança para as próximas etapas”.

PERNA EUROPÉIA – O próximo desafio do ASP World Title Race 2011 será o Quiksilver Pro France, nos dias 04 a 13 de outubro em Hossegor, na França. Com a terceira final consecutiva entre Kelly Slater e Owen Wright, apenas os dois vão brigar pela ponta do ranking na primeira das duas etapas da “perna européia”. A outra é o Rip Curl Pro em Peniche, Portugal, nos dias 15 a 24 do mesmo mês. No ano passado, Slater foi vice-campeão contra o australiano Mick Fanning na França e campeão em Portugal na decisão com o sul-africano Jordy Smith.

FINAL DO HURLEY PRO TRESTLES 2011:
Campeão: Kelly Slater (EUA) com 17,50 pontos – US$ 105.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Owen Wright (AUS) com 16,74 – US$ 30.000 e 8.000 pontos

SEMIFINAIS – 3.o lugar – US$ 17.500 e 6.500 pontos:
1.a: Kelly Slater (EUA) 18.40 x 16.57 Heitor Alves (BRA)
2.a: Owen Wright (AUS) 14.74 x 10.04 Julian Wilson (AUS)

QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar – US$ 13.750 e 5.200 pontos:
1.a: Heitor Alves (BRA) 12.77 x 12.50 Adriano de Souza (BRA)
2.a: Kelly Slater (EUA) 17.60 x 11.07 Josh Kerr (AUS)
3.a: Owen Wright (AUS) 15.67=8.17 x 15.67=8.10 Mick Fanning (AUS)
4.a: Julian Wilson (AUS) 18.23 x 14.93 Joel Parkinson (AUS)

QUINTA FASE – REPESCAGEM – 2.o=9.o lugar – US$ 11.000 e 4.000 pontos:
1.a: Heitor Alves (BRA) 12.74 x 9.80 Taj Burrow (AUS)
2.a: Josh Kerr (AUS) 15.27 x 12.97 Jeremy Flores (FRA)
3.a: Mick Fanning (AUS) 18.23 x 11.47 Damien Hobgood (EUA)
4.a: Julian Wilson (AUS) 15.67 x 12.37 Adrian Buchan (AUS)

TOP-16 DO ASP WORLD TITLE RACE 2011 – 7 etapas:
01: Kelly Slater (EUA) – 44.950 pontos
02: Owen Wright (AUS) – 39.900
03: Joel Parkinson (AUS) – 35.400
04: Adriano de Souza (BRA) – 31.950
05: Josh Kerr (AUS) – 30.800
06: Taj Burrow (AUS) – 29.250
07: Mick Fanning (AUS) – 28.200
08: Jordy Smith (AFR) – 27.500
09: Jeremy Flores (FRA) – 23.700
10: Michel Bourez (TAH) – 22.250
11: Julian Wilson (AUS) – 21.400
12: Adrian Buchan (AUS) – 20.250
13: Alejo Muniz (BRA) – 20.150
14: Heitor Alves (BRA) – 19.200
15: Jadson André (BRA) – 19.150
16: Damien Hobgood (EUA) – 18.950
22: Raoni Monteiro (BRA) – 12.950
37: Gabriel Medina (BRA) – 1.750
40: Miguel Pupo (BRA) – 500

Por: João Carvalho