WT Trestles – Mineirinho nas quartas com vitória fantástica

Mineirinho garante a vaga nas quartas de final. Foto Surf: Asp

Mineirinho garante a vaga nas quartas de final. Foto Surf: Asp

Com uma virada fantástica no último minuto, Adriano de Souza conquistou a primeira vaga para as quartas de final do World Tour de Trestles numa das baterias mais emocionantes na Califórnia.

Depois de uma marcação cerrada de Taj Burrow, Mineirinho conseguiu escapar e acertou dois aéreos na última onda para derrotar o australiano, que agora vai enfrentar o cearense Heitor Alves na repescagem da sétima etapa do ASP World Title Race 2011.

Os outros líderes do ranking – Kelly Slater, Owen Wright e Joel Parkinson – também já estão entre os oito finalistas da competição, que deve terminar nesta quarta-feira nos Estados Unidos. Apesar do prazo até sábado, o objetivo é aproveitar o fim deste swell porque a previsão das ondas não é boa para o restante da semana em Trestles.

“Foi muita pressão no final, o Taj (Burrow) jogou muito bem, mas fui feliz na última onda, consegui encaixar dois aéreos e venci a bateria. Foi uma verdadeira batalha, muito emocionante”, disse Adriano de Souza.

“Ele (Taj Burrow) surfou bem, depois preferiu ficar me marcando ali, mas estou muito confiante. Conheço bem este mar, moro aqui, é a praia que surfo todo dia e sabia que se a onda viesse, eu poderia virar e foi o que aconteceu”.

A disputa entre os dois foi adrenalizante do início ao fim. Mineirinho começou bem com um aéreo-reverse de frontside perfeito numa boa direita, que ainda rendeu algumas manobras para arrancar 8,60 pontos dos juízes, a maior nota da bateria. A quilha da sua prancha acabou quebrando nas pedras de Trestles.

Ele teve que sair do mar para trocar o equipamento e Taj Burrow aproveitou para abrir uma vantagem de 6,5 pontos com notas 7,0 e 8,1, sempre colocando manobras aéreas nas suas ondas.

Marcação cerrada

Mineirinho passa a sofrer uma marcação cerrada depois que o australiano surfa outra boa direita parecendo um garoto com a variedade de manobras modernas no seu repertório. Nesta, Taj ganhou nota 7,83 e aumentou a diferença para 7,33 pontos. Depois de uma agonizante calmaria, as ondas voltaram a entrar em Lower Trestles, mas o brasileiro é pressionado de perto pelo australiano. Mineiro pega uma esquerda curta e Taj volta a colar nele, remando lado a lado a cada movimento do mar.

No último minuto, Adriano consegue escapar numa direita, arrisca o aéreo “double grab” que sai muito alto, completa, acelera, emenda outro aéreo rodando e mais uma manobra para finalizar, cerrando os punhos na comemoração.

A nota saiu 7,73 e Taj Burrow não se conformou por outra derrota para o brasileiro, por 16,33 x 15,93 pontos. Mas, os dois ainda podem se enfrentar nas quartas de final porque esta fase não era eliminatória. O francês Jeremy Flores ficou em último na bateria e foi para a repescagem junto com o australiano.

Burrow agora vai pegar outro brasileiro pela frente, Heitor Alves. O cearense despachou o taitiano Michel Bourez na terceira fase, mas foi batido pelo decacampeão mundial Kelly Slater na rodada dos 12 melhores do Hurley Pro Trestles. O vencedor deste confronto, que vai abrir a quarta-feira, será o adversário de Adriano de Souza na primeira quarta de final na Califórnia.

Fim do tabu

Mineirinho começou a terça-feira acabando com uma série de derrotas para brasileiros no ASP World Tour. Depois da sua vitória sobre o próprio Taj Burrow na decisão do Billabong Rio Pro no Brasil em maio, ele perdeu para Alejo Muniz na etapa da África do Sul, para Raoni Monteiro no Taiti e para Jadson André em Nova York. Os companheiros na equipe voltaram a se enfrentar em Trestles e desta vez Adriano pôs fim ao tabu contra o potiguar.

Jadson André tinha feito os recordes do evento na segunda-feira, mas suas marcas foram batidas duas vezes na terça-feira. A primeira numa das melhores baterias do campeonato, entre o australiano Owen Wright e o havaiano John John Florence pela terceira fase. Wright vem de duas finais consecutivas contra Kelly Slater, é o vice-líder do ranking e surfou uma longa direita com uma variedade incrível de manobras conectadas com velocidade, aproveitando toda a extensão da onda.

Novos recordes

Um dos cinco juízes chegou a dar nota 10 para ele, mas a média ficou em 9,77, superando a 9,43 do potiguar. Os 17,80 pontos de Jadson também foram ultrapassados pelo placar de 17,84 x 17,13 da vitória de Owen Wright sobre uma das novidades da rotação de meio de ano da elite, John John Florence. Só que no último confronto do dia, novos recordes foram registrados para o Hurley Pro 2011.

Foi mais uma disputa espetacular, com manobras impressionantes numa bateria de altíssimo nível entre três australianos. Joel Parkinson atingiu 18,06 pontos de 20 possíveis na soma das duas ondas, mas a melhor foi surfada por Julian Wilson, que mesmo com o recorde de nota – 9,80 – acabou derrotado e caiu para a repescagem junto com bicampeão mundial Mick Fanning.

No último minuto

Além de Jadson André, o paulista Gabriel Medina também não passou pela terceira fase, perdendo a classificação no último minuto da bateria contra o australiano-voador Josh Kerr. As longas calmarias marcaram o duelo dos especialistas em aéreos que era aguardado por todos. Medina largou na frente e os dois passaram um bom tempo esperando por ondas, que só voltaram a entrar nos minutos finais.

Josh Kerr precisava de 6,01 pontos para vencer e achou uma direita que abriu a parede para ele sair manobrando com batidas no lip, na junção, rasgadas jogando água, finalizando com um aéreo baixinho. A onda não tinha tanto potencial, mas ele soube aproveitar qualquer espaço para encaixar as manobras e os juízes valorizaram o esforço com uma nota 6,5. Com ela, virou o resultado para 12,33 x 11,83 pontos contra a sensação do surfe brasileiro.

Corrida do título

O australiano era um dos surfistas que brigavam pela primeira posição no ranking em Trestles. Só que o líder Kelly Slater acabou com suas chances quando estreou com vitória no domingo. Na terça-feira, Slater passou fácil pelo australiano Tom Whitaker na terceira fase e depois derrotou Josh Kerr e Heitor Alves numa tacada só. Com a passagem para as quartas de final, também derrubou mais um concorrente pela ponta na Califórnia, Adriano de Souza.

Agora, os australianos Owen Wright e Joel Parkinson são os únicos que ainda podem lhe tirar a dianteira na corrida do título mundial nesta sétima etapa da temporada. Para isso, eles já necessitam da vitória na Califórnia.

Se Slater passar para as semifinais, Parkinson não têm mais chances matemáticas de superá-lo. E se for para a final, garante a primeira posição mesmo que não conquiste o bicampeonato consecutivo no WT de Trestles.

Quartas de final

1.a: Adriano de Souza (BRA) x 1.o da 1.a bateria da 5.a fase
2.a: Kelly Slater (EUA) x 1.o da 2.a da 5.a fase
3.a: Owen Wright (AUS) x 1.o da 3.a da 5.a fase
4.a: Joel Parkinson (AUS) x 1.o da 4.a da 5.a fase

Por: João Carvalho