Ricardinho barra Slater e Medina tira nota 10 no Taiti

Gabriel Medina já avançou para as quartas de final do Billabong Pro e os dois defendem o Brasil nessa  segunda-feira decisiva nos tubos de Teahupoo

Foram longos oito dias de espera pelas ondas, mas elas voltaram para fechar o Billabong Pro Tahiti nos dois últimos dias do seu prazo no calendário do ASP World Tour. No domingo, o mar variou bastante ao longo do dia, com séries de 3-5 pés pela manhã subindo para 4-6 pés durante a tarde na bancada de Teahupoo. O que não mudou foi os brasileiros sendo o destaque do dia mais uma vez no WCT do Taiti.

O catarinense Ricardo dos Santos ganhou o duelo do campeão da triagem com o do Billabong Pro, derrotando Kelly Slater com o 9,87 da onda surfada nos últimos segundos da bateria. E Gabriel Medina fechou o domingo com nota 10 unânime dos cinco juízes no tubo mais espetacular do dia, já garantindo o Brasil nas quartas de final.

“Eu já recebi notas 10 antes, mas nada parecido com essa onda incrível daqui”, disse Gabriel Medina. “Para mim, já é uma honra estar aqui competindo em Teahupoo e eu tenho muito respeito pelo John John (Florence) e pelo Kieren (Perrow) (adversários na bateria). São grandes surfistas de tubos, então eu teria que fazer melhor possível para ganhar. Estou feliz pela classificação e ansioso para ver como vai estar o mar amanhã (segunda-feira)”.

Medina já começou na frente com um tubo seguido por duas manobras, com a última delas já em cima da perigosa bancada de Teahupoo. Ele acabou cortando as mãos nos corais, mas a nota 7,83 lhe garantiu a liderança até a nota 10 sacramentar a vitória sobre o havaiano John John Florence, que é um craque em tubos para a esquerda como Teahupoo e Pipeline, e o australiano Kieren Perrow, algoz de Adriano de Souza na terceira fase.

O drop na onda já foi insano, no limite, depois encaixou no tubão e ficou muito “deep” atravessando várias placas até sair com os braços levantados comemorando mais uma nota 10 na carreira que começa de forma devastadora no WCT. No ano passado, venceu duas das quatro primeiras etapas que disputou, feito que nem Kelly Slater conseguiu. Também foi bem nos tubos de Banzai Pipeline e vem de uma final nas Ilhas Fiji contra o próprio Slater, que venceu a bateria. Detalhe, ele nunca tinha competido nos três palcos mais desafiadores do ASP Tour.

DESAFIO DOS CAMPEÕES – Antes da nota 10 de Gabriel Medina, o bicampeão das triagens, Ricardo dos Santos, já tinha brilhado com a vitória sensacional na onda surfada nos segundos finais do duelo com o defensor do título do Billabong Pro, Kelly Slater. O catarinense ganhou do onze vezes campeão mundial por 18,34 a 16,44 pontos com o 9,87 desse tubo. A nota já superava a 9,83 do até então recordista absoluto, Adriano de Souza, mas não os incríveis 19,43 de 20 possíveis da estreia de Mineirinho em Teahupoo na quinta-feira da semana passada.

“Eu só estava esperando por uma chance para mostrar o que posso fazer e felizmente veio essa onda no final pra mim”, disse Ricardo dos Santos, que saiu vibrando do tubo. “A onda era muito boa e permitiu atrasar no início e me manter no tubo até o fim. Era minha última chance. Ou eu fazia o tubo, ou ia para casa. Eu sabia que tinha que pegar as melhores ondas e ficar o mais profundo possível nos tubos. O Kelly (Slater) sempre consegue notas altas, começou com 9 e pouco (9,17), então eu só tinha que fazer o meu melhor. Estou feliz, mas o caminho a percorrer ainda é longo”.

E Ricardinho acabou perdendo a primeira chance de classificação para as quartas de final para o experiente norte-americano C. J. Hobgood na quarta fase, que não era eliminatória. O catarinense da Guarda do Embaú agora vai abrir a segunda-feira decisiva do Billabong Pro Tahiti, enfrentando o australiano Taj Burrow na primeira bateria da repescagem. Slater não gostou da derrota prematura para o brasileiro até então desconhecido para ele.

“Eu, honestamente, não sei muita coisa sobre o Ricardo (dos Santos)”, disse Kelly Slater. “Sei que ele venceu o Trials do ano passado em ondas enormes e o deste ano em ondas menores, então, obviamente é muito competente aqui em qualquer condição de mar. Estou desapontado por perder cedo, até porque amanhã (segunda-feira) pode ficar muito bom aqui. Acho que as condições vão ficar clássicas em Teahupoo e espero poder pegar altas ondas em algum lugar por aqui”.

TOP-5 BARRADOS – Slater estava em segundo lugar no ranking liderado pelo australiano Mick Fanning, que já passou para as quartas de final e aguarda o vencedor da bateria de Ricardo dos Santos com Taj Burrow. O paulista Adriano de Souza, que defendia a quarta posição, também perdeu na terceira fase para o veterano Kieren Perrow. Mineirinho acabou competindo numa hora ruim do mar em Teahupoo e o australiano conseguiu pegar as melhores ondas que entraram na bateria.

Isso já havia acontecido no duelo verde-amarelo entre Gabriel Medina e o catarinense Alejo Muniz na bateria anterior a do Adriano. Ela foi igualmente fraca de ondas e o paulista conquistou a segunda classificação do Brasil para a quarta fase, sem Alejo surfar quase nada. Na bateria do tubo nota 10 de Gabriel Medina, também entraram poucas ondas e ele surfou realmente as duas melhores para garantir o Brasil nas quartas de final do Billabong Pro Tahiti 2012. E existe a possibilidade de uma final brasileira, caso ele e Ricardo dos Santos superem seus adversários nesta segunda-feira em Teahupoo.

QUARTAS DE FINAL – ganharam as baterias da Quarta Fase:
1.a: Mick Fanning (AUS) x vencedor da 1.a repescagem
2.a: C. J. Hobgood (EUA) x vencedor da 2.a repescagem
3.a: Joel Parkinson (AUS) x vencedor da 3.a repescagem
4.a: Gabriel Medina (BRA) x vencedor da 4.a repescagem

REPESCAGEM – 1.o=Quartas de Final / 2.o=9.o lugar – US$ 11.000 e 4.000 pontos:
1.a: Taj Burrow (AUS) x Ricardo dos Santos (BRA)
2.a: Owen Wright (AUS) x Julian Wilson (AUS)
3.a: Jeremy Flores (FRA) x Kieren Perrow (AUS)
4.a: John John Florence (HAV) x Damien Hobgood (EUA)

QUARTA FASE – 1.o=Quartas de Final / 2.o e 3.o=Repescagem:
1.a: 15.60=Mick Fanning (AUS), 9.10=Taj Burrow (AUS), 2.80=Julian Wilson (AUS)
2.a: 16.76=C. J. Hobgood (EUA), 15.60=Owen Wright (AUS), 9.67=Ricardo dos Santos (BRA)
3.a: 18.23=Joel Parkinson (AUS), 17.77=Jeremy Flores (FRA), 14.47=Damien Hobgood (EUA)
4.a: 17.83=Gabriel Medina (BRA), 7.00=John John Florence (HAV), 3.23=Kieren Perrow (AUS)

TERCEIRA FASE – 13.o lugar – US$ 8.500 e 1.750 pontos:
1.a: Mick Fanning (AUS) 14.17 x 8.34 Fredrick Patacchia (HA)
2.a: Julian Wilson (AUS) 13.83 x 9.37 Adrian Buchan (AUS)
3.a: Taj Burrow (AUS) 14.04 x 11.00 Kai Otton (AUS)
4.a: Owen Wright (AUS) 18.30 x 17.50 Miguel Pupo (BRA)
5.a: C. J. Hobgood (EUA) 18.30 x 15.17 Michel Bourez (TAH)
6.a: Ricardo dos Santos (BRA) 18.34 x 16.44 Kelly Slater (EUA)
7.a: Joel Parkinson (AUS) 12.83 x 4.47 Taylor Knox (EUA)
8.a: Jeremy Flores (FRA) 15.60 x 12.60 Heitor Alves (BRA)
9.a: Damien Hobgood (EUA) 15.10 x 11.93 Josh Kerr (AUS)
10.a: John John Florence (HAV) 13.30 x 13.17 Brett Simpson (EUA)
11.a: Gabriel Medina (BRA) 13.60 x 4.73 Alejo Muniz (BRA)
12.a: Kieren Perrow (AUS) 16.87 x 10.67 Adriano de Souza (BRA)

Por: João Carvalho