Google leva-nos a mergulhar virtualmente na Grande Barreira de Coral

Imagens podem ajudar cientistas a analisar ecossistemas e alertar sobre impacto do aquecimento global nos corais

A Google lançou o Catlin SeaView Survey, serviço semelhante ao Street View que permite explorar a Grande Barreira de Corais australiana. A novidade foi desenvolvida em parceria com a Universidade de Queensland e pode ser acessada a partir de qualquer navegador.

Câmera com três lentes foi criada especialmente para o projeto. Foto: Catlin Seaview Survey

Ao todo, foram capturadas cerca de 50 mil imagens panorâmicas do local, responsáveis por passar a sensação de que os visitantes realmente estão nadando no fundo do oceano. A novidade também acompanha a criação de um canal dedicado no YouTube, através do qual será possível observar expedições científicas em tempo real.

 

Google usa câmera submarina para levar imagens de corais para o serviço de mapas da empresa (Foto: Catlin Seaview Survey )

 

Câmera com três lentes foi criada especialmente para o projeto

Imagens panorâmicas de recifes de coral foram adicionadas aos mapas do Google Street View, permitindo que as pessoas possam explorar paisagens “embaixo d’água”. O material fotográfico foi reunido pelo projeto Catlin Seaview Survey, que estuda a saúde dos recifes e seu impacto no aquecimento global.

O diretor do programa disse que o esforço ajudaria os cientistas a analisar ecossistemas e alertar a comunidade internacional sobre sua preservação.No entanto, a novidade também é considerada um golpe publicitário para dar vantagem ao Google sobre a competição. O serviço de mapas da empresa vem sendo abandonado por seus parceiros em celulares e tablets.

O Google Street View já tinha imagens do solo submarino geradas por computador, mas é a primeira vez que exibe fotos subaquáticas.

Imagem submarina feita com câmera do Google (Foto: BBC)

Câmera fotográfica submarina foi criada especialmente por pesquisadores de programa dedicado à preservação de corais.

“Queremos ser uma fonte de imagens abrangente que permita que qualquer pessoa explore todos os lugares”, disse à BBC Jenifer Foulkes, diretor da seção de oceanos do Street View.“Este é só o próximo passo para levar os usuários para debaixo da água, oferecendo a experiência de uma área que muitas pessoas já visitaram – vendo tartarugas marinhas, raias, ouriços-do-mar e belos peixes.”  Entre os locais adicionados ao serviço, estão a Grande Barreira de Corais da Austrália, os corais da Baía de Hanauma e da Cratera de Molokini e as ilhas Apo, nas Filipinas.

Além de usar câmeras especialmente projetadas para uso em águas superficiais, o projeto utiliza robôs com garras que têm o objetivo de documentar as condições de saúde dos corais. “A pesquisa intensifica a ideia de que precisamos aumentar a observação em locais como a Grande Barreira de Corais conforme o clima muda”, afirma o professor Hoegh-Guldberg, diretor do Instituto de Ciência de Mudança Global da Universidade de Queensland.

Documentando a saúde dos corais

Todos os dados coletados serão usados por cientistas como forma de documentar as mudanças ocorridas no local conforme o oceano se torna mais quente e ácido. A expectativa é que o projeto tenha duração total de dois anos — a primeira expedição de mergulhadores está marcada para ocorrer em setembro de 2012.

Ao final da pesquisa, a esperança é que o estudo seja aplicado em outras regiões do planeta, o que permitiria obter um conhecimento mais amplo de como as mudanças climáticas afetam os ecossistemas que vivem nos oceanos. Segundo o professor Hoegh-Guldberg, embora a maioria das pessoas acredite que ainda há incertezas quanto à existência do aquecimento global, 99% dos cientistas que trabalham na área sabem que o problema que enfrentamos é muito sério.

“O que nós vemos desde o início da década de 1980 na Grande Barreira de Corais são eventos de descoramento maciço de corais”, afirma o cientista. “Isso ocorre quando centenas de quilômetros quadrados de recife essencialmente ficam doentes porque se tornaram muito aquecidos”, explica.

“É um projeto global. Estamos falando sobre os oceanos, responsáveis por unir todos nós, e eu penso que o simples fato de você poder ir a expedições, falar com cientistas, ir a lugares como as Maldivas e mergulhar vai conquistar a imaginação das pessoas”, completa Hoegh-Guldberg.

Câmeras submarinas

Os engenheiros do Google deram apoio técnico para o projeto, mas as fotografias e a colagem das imagens foram feitas por cientistas financiados pelo grupo Catlin, uma empresa de seguros internacional baseada nas Bermudas.

Para isso, eles desenvolveram uma câmera com três lentes grande angular, feitas para tirar fotos em alta resolução em ambientes de pouca luz.

Um mergulhador tira fotos usando o Catlin Pesquisa Seaview. Foto:Catlin Seaview Survey

 

O equipamento tirou uma foto de 24 megapixels de cada uma das lentes uma vez a cada quatro segundos para conseguir criar visualizações de 360 graus. O equipamento era operado por mergulhadores e se movia a cerca de 3 km/h. Segundo Richard Vevers, diretor do projeto, o registro de recifes de coral era ‘algo que estava faltando e que é muito necessário. Nós simplesmente não temos registros históricos para monitorar as mudanças em uma escala mais ampla.”

 “Cientistas de todo o mundo agora poderão estudar os recifes remotamente e ver muito claramente como eles estão mudando.”

Estudos anteriores dizem que a poluição, a pesca predatória e mudanças climáticas já causaram sérios danos a muitas destas colônias de vida marinha que se formaram durante milhares de anos. Para analisar o novo material, pesquisadores do Instituto de Mudança Global da Universidade de Queensland, na Austrália, estão usando um software de reconhecimento de imagem para identificar as criaturas registradas nas fotografias e programas de modelagem em 3D para monitorar como os habitats mudam com o passar do tempo.

Confira o site do projeto:  Catlin Seaview Survey

Confira também: canal dedicado no YouTube

 

Confira galeria:

Por: Rodrigo Maciel. Fonte: Google Lat Long