São Paulo Open dá a largada no QS 1000 de São Sebastião

Tomas Hermes e Sebastian Zietz fazem os recordes no primeiro dia da etapa que fecha a perna brasileira de fim de ano da WSL South America na Praia de Maresias.

Sebastian Zietz (HAV).

Sebastian Zietz (HAV). FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

 

Nove baterias abriram o São Paulo Open of Surfing na terça-feira de chuva e ondas irregulares de 3-4 pés na Praia de Maresias, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. O primeiro destaque do dia foi o havaiano Sebastian Zietz, com as notas 8,50 e 8,33 que recebeu para atingir imbatíveis 16,83 pontos de 20 possíveis na quarta bateria. Depois, só o catarinense Tomas Hermes conseguiu aumentar o recorde de nota para 9,0 com a série de três manobras explosivas que acertou numa boa onda. A previsão era realizar dezesseis baterias no primeiro dia na etapa do QS 10000 que fecha a “perna brasileira” da WSL South America. Mas, as condições do mar pioraram e a competição foi suspensa após a nona bateria, com a primeira chamada para a décima marcada para as 7h30 da quarta-feira em São Sebastião.

“O mar está meio bagunçado e com muita correnteza aqui na frente, mas tem um pico de direitas que está bem consistente e consegui pegar duas boas ali pra vencer”, disse Sebastian Zietz, que foi o primeiro top do WCT a estrear no São Paulo Open of Surfing. Ele e o japonês Hiroto Arai tiraram dois brasileiros no quarto confronto do dia, o cearense Heitor Alves e o paulista Deivid Silva, que venceu a primeira prova da “perna brasileira” no Costão do Santinho, em Florianópolis (SC). No momento, Zietz está fora do grupo dos 22 primeiros colocados no WCT que são mantidos na elite para o ano que vem, então agora tenta garantir sua permanência entre os dez indicados pelo ranking do WSL Qualifyiing Series.

“É muito ruim chegar no final do ano precisando de resultados”, continuou Sebastian Zietz. “Isso me faz pensar no início do ano, que, talvez, eu não tenha dado 100% de esforço. Mas, eu amo o que eu faço, viajar e surfar pelo mundo. Temos o melhor estilo de vida de todos e quero muito continuar no CT. Espero ir bem no ano que vem para não precisar competir no QS mais. Nunca viajei tanto quanto esse ano. Passei pouco tempo em casa, mas é muito legal estar no Brasil, a água está bem quente, com ondas boas, então é isso que importa”.

Assim como o havaiano Sebastian Zietz, o catarinense Tomas Hermes também competiu na “perna europeia” da World Surf League, substituindo o contundido Jordy Smith. Ele começou muito bem no São Paulo Open of Surfing, abrindo a sétima bateria do dia numa boa direita, detonada com uma série de três manobras explosivas que valeram a maior nota da terça-feira, 9,0. Na briga pelo segundo lugar na bateria, o australiano Davey Cathels, que está na briga direta pelas quatro últimas vagas que restam para fechar a lista dos dez que sobem para o WCT pelo ranking do Qualifying Series, superou o uruguaio Marco Giorgi e o francês Medi Veminardi, da Ilha Reunião.

“Quando você começa bem uma bateria, você só pensa em fazer uma segunda nota consistente pra somar, então fiquei procurando tirar um 5 ou 6 pra ter uma boa margem pra galera não virar em cima de mim”, disse Tomas Hermes, que descreveu como foi a melhor onda do dia. “Eu fiquei na dúvida se ia ou não na onda, porque tinha uma seção balançada na frente, mas quando fiz a primeira manobra, eu vi que ela abriu, aí consegui dar mais uma rasgada e já emendei com uma batida na junção pra arrancar mais nota. Eu adoro surfar aqui em Maresias, estou feliz pela previsão que vai dar altas ondas e tomara que se confirme pra galera dar show aqui nos próximos dias”.

VAGAS NO G-10 – Por ser o último QS 10000 do ano antes do encerramento da temporada no Havaí, o São Paulo Open of Surfing, é decisivo na disputa pelas últimas vagas para o CT. A batalha já começou no primeiro dia, com alguns envolvidos diretos na briga sendo eliminados logo em suas estreias, deixando o caminho livre para mais de vinte surfistas entrarem na zona de classificação em São Sebastião. Na bateria que abriu o campeonato, o australiano Soli Bailey, 17.o no ranking que está garantindo até o 12.o colocado, avançou em segundo no confronto vencido pelo paulista Victor Bernardo.

“O mar está bem difícil, ventando forte, as ondas não estão muito definidas, mas consegui pegar as três primeiras ondas da bateria e Graças a Deus deu tudo certo para vencer a bateria”, disse Victor Bernardo, que pela primeira vez está participando de uma etapa do QS 10000. “É um campeonato muito importante para mim, com certeza. Eu não tenho pontos suficientes no ranking para competir num evento desse nível, mas consegui um wildcard (convite) e estou amarradão, então vou tentar aproveitar bem essa oportunidade para ir o mais longe possível na competição”.

Na segunda bateria, o australiano Ryan Callinan, que ocupa a sétima posição no G-10 do WSL Qualifying Series, foi eliminado em outra vitória brasileira, do baiano Marco Fernandez. Ele perdeu a disputa pela segunda vaga para a próxima fase para o taitiano Mateia Hiquily, mas não deve sair da zona de classificação no São Paulo Open of Surfing. No confronto seguinte, dois surfistas que estão bem próximos do G-10 competiram juntos e o francês Joan Duru, em 15.o lugar no ranking, terminou em último. Já o norte-americano Conner Coffin, 19.o colocado, estreou com vitória e o paulista Hizunomê Bettero passou em segundo lugar.

“O meu objetivo no início da bateria era ficar bem ativo, mas é sempre importante saber escolher bem as ondas. Fiquei feliz por ter achado uma boa esquerda e aí só foquei nas esquerdas mesmo, porque me sinto melhor surfando de backside em ondas assim”, disse Conner Coffin. “É sempre bom você começar bem num evento, eu tenho surfado bem aqui no Brasil e é gratificante conseguir bons resultados depois de tanta dedicação. Não fui muito bem em Itacaré (BA), mas falei aos meus pais que eu precisava guardar um pouco de mágica para Maresias e não gastar tudo num QS 6000. Agora espero manter esse ritmo. Estou feliz que tem boas ondas aqui e espero conseguir outro bom resultado nessa semana”.

Para entrar na zona de classificação para o CT, Conner Coffin precisa no mínimo chegar nas oitavas de final do São Paulo Open of Surfing, ou seja, avançar mais duas fases na Praia de Maresias. Isso porque o australiano Stu Kennedy, que defendia a última posição no G-10, foi barrado pelo italiano Leonardo Fioravanti e pelo neozelandês Billy Stairmand, um dos mais de vinte surfistas que passaram a ter chances de ultrapassa-lo no QS 10000 de São Sebastião. Outro australiano que pode entrar na lista se classificou em segundo no confronto seguinte, Davey Cathels, atrás do recordista de nota do campeonato, Tomas Hermes.

SELEÇÃO BRASILEIRA – Depois foi a vez do primeiro dos sete integrantes da “seleção brasileira” do WCT estrear na Praia de Maresias e o paulista Wiggolly Dantas confirmou o favoritismo. Na disputa pela segunda vaga, o português Tomas Fernandes superou o brasileiro mais bem colocado na etapa do QS 6000 encerrada domingo em Itacaré, na Bahia, o paulista David do Carmo. Ele e o australiano Wade Carmichael foram eliminados logo em suas primeiras participações no São Paulo Open of Surfing.

“É muito bom poder voltar a competir em casa, bom para os meus patrocinadores, é uma onda que gosto bastante, forte, me sinto muito à vontade aqui, então estou bem focado em buscar um bom resultado”, disse Wiggolly Dantas. “Eu machuquei as costas lá na França, então quis participar desse campeonato pra sentir como eu estava pra chegar bem no Havaí e é muito bom estar aqui em casa com a família toda junto. A condição do mar está um pouco difícil, mas Maresias sempre tem uma onda boa, então eu optei em pegar umas ondinhas mais embaixo, mais cavadas, para fazer duas ou três manobras pra tirar boas notas e acho que consegui isso. O bom é que deve ter ondas melhores ainda nos próximos dias, então é manter o foco para ir passando as baterias até onde for possível”.

As outras estrelas do Brasil na divisão de elite da World Surf League só vão competir na quarta-feira. O segundo dia já vai começar com uma das novidades para o WCT do ano que vem, o australiano Jack Freestone. Mas, toda a expectativa fica para a terceira e quarta baterias do dia, encabeçadas pelo campeão mundial Gabriel Medina e por Adriano de Souza, respectivamente. Depois, tem Jadson André na 17.a bateria, oitava a entrar no mar na quarta-feira, o também potiguar Italo Ferreira na vigésima, Miguel Pupo na 21.a e o defensor do título do QS 10000 de São Sebastião, Filipe Toledo, fechando a rodada inicial na 24.a e última bateria.

 

PRIMEIRA FASE DO OI HD SÃO PAULO OPEN OF SURFING:
3.o=49.o lugar com US$ 1.000 e 600 pontos / 4.o=73.o lugar com US$ 750 e 550 pontos:
1.a: 1-Victor Bernardo (BRA), 2-Soli Bailey (AUS), 3-Noah Schweizer (EUA), 4-Nic Von Rupp (PRT)
2.a: 1-Marco Fernandez (BRA), 2-Mateia Hiquily (TAH), 3-Ryan Callinan (AUS), 4-Charles Martin (GLP)
3.a: 1-Conner Coffin (EUA), 2-Hizunomê Bettero (BRA), 3-Michael Wright (AUS), 4-Joan Duru (FRA)
4.a: 1-Sebastian Zietz (HAV), 2-Hiroto Arai (JPN), 3-Heitor Alves (BRA), 4-Deivid Silva (BRA)
5.a: 1-Keanu Asing (HAV), 2-Willian Cardoso (BRA), 3-Adrien Toyon (FRA), 4-Hiroto Ohhara (JPN)
6.a: 1-Leonardo Fioravanti (ITA), 2-Billy Stairmand (NZL), 3-Stu Kennedy (AUS), 4-Nomme Mignot (FRA)
7.a: 1-Tomas Hermes (BRA), 2-Davey Cathels (AUS), 3-Medi Veminardi (REU), 4-Marco Giorgi (URY)
8.a: 1-Wiggolly Dantas (BRA), 2-Tomas Fernandes (PRT), 3-David do Carmo (BRA), 4-Wade Carmichael (AUS)
9.a: 1-Beyrick De Vries (AFR), 2-Ezekiel Lau (HAV), 3-Timothee Bisso (GLP), 4-Dale Staples (AFR)
baterias que vão abrir a quarta-feira:
10: Jack Freestone (AUS), Evan Geiselman (EUA), Cooper Chapman (AUS), Michael February (AFR)
11: Carlos Munoz (CRI), Dion Atkinson (AUS), Mason Ho (HAV), Thomas Woods (AUS)
12: Gabriel Medina (BRA), Mitch Crews (AUS), Ramzi Boukhiam (MAR), Samuel Pupo (BRA)
13: Adriano de Souza (BRA), Tanner Gudauskas (EUA), Aritz Aranburu (ESP), Caetano Vargas (BRA)
14: Jesse Mendes (BRA), Connor O´Leary (AUS), Lucas Silveira (BRA), Thiago Camarão (BRA)
15: Caio Ibelli (BRA), Tanner Hendrickson (HAV), Marc Lacomare (FRA), Kiron Jabour (HAV)
16: Ricardo Christie (NZL), Santiago Muniz (ARG), Bino Lopes (BRA), Jean da Silva (BRA)
17: Jadson André (BRA), Tim Reyes (EUA), Yadin Nicol (AUS), Leandro Usuna (ARG)
18: Kanoa Igarashi (EUA), Mitch Coleborn (AUS), Gony Zubizarreta (ESP), Miguel Tudela (PER)
19: Maxime Huscenot (FRA), Michael Dunphy (EUA), Krystian Kymerson (BRA), José Ferreira (BRA)
20: Italo Ferreira (BRA), Brent Dorrington (AUS), Nathan Hedge (AUS), Robson Santos (BRA)
21: Miguel Pupo (BRA), Nathan Yeomans (EUA), Pedro Henrique (BRA), Luel Felipe (BRA)
22: Alex Ribeiro (BRA), Noe Mar McGonagle (CRI), Granger Larsen (HAV), Joshua Moniz (HAV)
23: Patrick Gudauskas (EUA), Michael Rodrigues (BRA), Ian Gouveia (BRA), Perth Standlick (AUS)
24: Filipe Toledo (BRA), Vasco Ribeiro (PRT), Frederico Morais (PRT), Messias Felix (BRA)

SEGUNDA FASE – Round of 48 – baterias já formadas com os resultados da terça-feira:
—-3.o=25.o lugar com US$ 1.900 e 1.100 pontos / 4.o=37.o lugar com US$ 1.600 e 1.000 pts:
1.a: Marco Fernandez (BRA), Hizunomê Bettero (BRA), Victor Bernardo (BRA), Hiroto Arai (JPN)
2.a: Sebastian Zietz (HAV), Soli Bailey (AUS), Conner Coffin (EUA), Mateia Hiquily (TAH)
3.a: Keanu Asing (HAV), Davey Cathels (AUS), Leonardo Fioravanti (ITA), Tomas Fernandes (PRT)
4.a: Wiggolly Dantas (BRA), Billy Stairmand (NZL), Tomas Hermes (BRA), Willian Cardoso (BRA)

Por: João Carvalho