Três brasileiros disputam o título do Oi HD São Paulo Open of Surfing

Caio Ibelli aumentou o recorde de pontos no duelo brasileiro com Adriano de Souza e Miguel Pupo e Michael Rodrigues também passaram para as quartas de final do QS 10000 de São Sebastião em Maresias.

Caio Ibelli (SP). FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

Caio Ibelli (SP). FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

 

Três brasileiros, três australianos, um surfista da Nova Zelândia e um do Havaí, vão decidir o título do Oi HD São Paulo Open of Surfing na manhã do domingo em São Sebastião, no litoral norte paulista. Caio Ibelli fez um novo recorde de 18,20 pontos no duelo sensacional com Adriano de Souza no sábado de chuva com ondas difíceis de 4-6 pés no mar mexido pelo vento forte em Maresias. Com a passagem para as quartas de final, Caio assumiu a ponta do WSL Qualifying Series, mas o australiano Jack Freestone derrotou o campeão mundial Gabriel Medina e também tem chance de sair do Brasil em primeiro lugar no ranking. Já a briga pelas vagas para o WCT 2016 vai envolver três surfistas no último dia do QS 10000 de São Sebastião, o cearense Michael Rodrigues e os australianos Davey Cathels e Cooper Chapman.

Miguel Pupo (SP).FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

Miguel Pupo (SP).FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

 

“Hoje (sábado) o mar ficou bem stormy e eu, pessoalmente, não gostaria de surfar num dia como esse”, disse Caio Ibelli. “Mas, me sinto abençoado por ter conseguido aquelas duas ondas boas e ver tanta gente na praia vibrando a cada onda que surfávamos. Foi um momento fantástico na minha vida. Sempre tem um monte de fãs torcendo pela gente. Em Portugal, tinha uma galera torcendo pros brasileiros, mas estar em casa, com a minha família, é muito melhor. Depois dessa bateria, me sinto bem mais confiante e focado nesse evento, já ansioso também para o ano que vem, pois quero fazer uma boa primeira temporada no WCT”.

Michael Rodrigues (CE) FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

Michael Rodrigues (CE) FotoSurf: Daniel Smorigo / WSL

 

Caio Ibelli e Adriano de Souza fizeram uma das baterias mais espetaculares do Oi HD São Paulo Open of Surfing. Os dois extrapolaram os limites das manobras nas ondas difíceis do sábado na Praia de Maresias. Ambos falharam nas primeiras tentativas, mas logo a novidade da “seleção brasileira” para o WCT 2016 conseguiu achar uma boa para tirar nota 8,67. Só que Mineirinho respondeu à altura com 7,67 e 7,43 em duas ondas seguidas. Caio Ibelli pegou outra com potencial para acertar uma série de manobras explosivas e arrancar 9,53 dos juízes, já aumentando o recorde de pontos do campeonato para 18,20. Adriano ainda tirou um 8,5 e destruiu sua última onda, finalizada com um aéreo, para buscar a virada, mas a nota saiu 9,17 e o placar foi encerrado em 18,20 a 17,67 pontos.

DUELOS BRASILEIROS – Depois tiveram mais dois duelos verde-amarelos, com Miguel Pupo derrotando Messias Felix e Michael Rodrigues superando Jadson André no confronto que fechou o sábado de praia lotada em Maresias, mesmo debaixo de chuva com ventos fortes em São Sebastião. Miguel agora está a duas baterias de garantir definitivamente a sua permanência na elite dos top-34 da World Surf League pelo ranking do Qualifying Series, pois consegue isso se for um dos finalistas do Oi HD São Paulo Open of Surfing. Com os resultados do sábado em Maresias, Pupo já aparece em sétimo no ranking e pode até assumir a quarta posição com uma vitória em Maresias.

“Foi bem difícil a bateria com o Messias (Felix). Eu estava procurando por ondas que rendessem duas manobras, aí achei aquela esquerda irada, dei uma rasgada forte e depois uma batida na junção para tirar uma nota alta que deu uma tranquilizada”, contou Miguel Pupo, que falou sobre a busca para se manter na elite do WCT. “Eu consegui um resultado excelente na primeira etapa (3.o lugar na Gold Coast-AUS) e até achei que ia ficar lutando pelo título mundial, mas acabei colocando muita pressão em cima de mim e os resultados não vieram. Agora o meu foco é aqui em Maresias, onde posso até garantir minha vaga antes do Havaí. No ano passado, quase ninguém me viu surfar aqui porque perdi na segunda fase. Mas, este ano estou surfando bem, levando mais a sério porque preciso de resultado e a torcida está adorando, então tá demais, estou muito feliz pela classificação para o domingo”.

Só que o próximo desafio de Miguel Pupo no QS 10000 de São Sebastião será contra Michael Rodrigues, que também precisa vencer essa última bateria das quartas de final para entrar na zona de classificação para o WCT ainda na “perna brasileira” da WSL South America. No momento, ele é 11.o colocado no ranking, na porta de entrada do G-10 do Qualifying Series. Ele está logo abaixo do australiano Ryan Callinan, que não passou da primeira fase do Oi HD São Paulo Open of Surfing apresentado pelo Banco do Brasil. O cearense ainda detém o recorde de nota – 9,97 – do campeonato e não deu chances para Jadson André no último confronto do sábado, derrotando o potiguar da elite mundial por 15,50 a 12,26 pontos.

“Eu estou sem palavras. Foi uma bateria muito difícil e competir com os brasileiros é muito louco. Eles são imprevisíveis, especialmente o Jadson (André) que tem um aéreo absurdo, compete muito bem, então já entrei bem tenso na bateria”, disse Michael Rodrigues. “Passar essas baterias assim, contra estrelas mundiais, está sendo muito bom pra mim e um alívio também. Acho mais fácil competir contra estrangeiros e no momento só estou concentrado em surfar bem as baterias, sem pensar em resultados, ranking, ou classificação para o WCT, pois ainda tem duas etapas de 10.000 pontos no Havaí e tudo pode acontecer”.

VAGAS NO WCT – A batalha de Michael Rodrigues para entrar na zona de classificação para o WCT será travada contra dois dos três australianos que estão na chave de cima do Oi HD São Paulo Open of Surfing, que vai apontar o primeiro finalista do QS 10000 de São Sebastião. O sábado começou com o norte-americano Conner Coffin defendendo posição no G-10, mas ele foi derrotado pelo havaiano Keanu Asing na primeira bateria do dia. Na segunda, o australiano Davey Cathels despachou o taitiano Mateia Hiquily e já tirou a vaga do norte-americano na lista dos dez que sobem pelo QS. Com a passagem para as quartas de final, Cathels subiu para nono no ranking, ultrapassando também o australiano Ryan Callinan, que caiu para o décimo lugar.

“O mar está muito difícil hoje (sábado) e eu não sabia onde me posicionar lá dentro, então procurei ficar perto do Mateia (Hiquily), pois em condições assim você não pode deixar seu adversário sozinho”, disse Davey Cathels. “Eu tentei achar ondas com espaço para fazer duas manobras fortes e funcionou, então estou feliz que a estratégia deu certo. Hoje em dia, todo mundo treina muito além de surfar, então a força na remada fez a diferença nesse mar difícil como aqui hoje (sábado). Espero continuar passando baterias para chegar na final, que é o grande objetivo”.

Para o outro australiano, Cooper Chapman, só interessa a vitória no Oi HD São Paulo Open of Surfing para entrar no G-10 e ainda assim, desde que Michael Rodrigues não passe para as semifinais. Ou seja, ele terá que ganhar o duelo australiano com Jack Freestone e torcer para que Miguel Pupo vença o cearense na última quarta de final. Só que Freestone ganhou uma nova motivação com a vitória sobre o campeão mundial Gabriel Medina na terceira bateria do sábado na Praia de Maresias. O australiano pegou as melhores ondas para bater o surfista que atraiu um grande público no sábado, frustrando a torcida com a vitória por 16,67 a 13,44 pontos.

“Antes de entrar na bateria com o (Gabriel) Medina, eu ouvi várias coisas, inclusive pra ficar perto dele para colocar pressão nele. Mas, decidi surfar sozinho aqui em frente ao palanque, enquanto ele escolheu ir mais para o lado direito”, contou Jack Freestone. “Acho que eu acertei no posicionamento, pois consegui pegar ondas melhores do que as dele. Estou feliz que deu tudo certo e eu amo competir assim com praia cheia. Sei que todos torciam para ele, mas eu sou um grande fã do Medina também, então Viva Medina (risos). Com certeza, vamos competir mais vezes no WCT, então quero melhorar meu seeding (ranking de entradas) o máximo possível para não ter que ficar enfrentando-o nas etapas, especialmente no Brasil (risos)”.

BRASIL X AUSTRÁLIA – O confronto Brasil x Austrália que vai decidir o título mundial da temporada no Havaí, com Filipe Toledo, Adriano de Souza e Gabriel Medina, contra Mick Fanning em Banzai Pipeline, também pode definir o campeão do Oi HD São Paulo Open of Surfing neste domingo em Maresias. Isto porque os três australianos classificados no sábado estão na chave de cima e os três brasileiros na de baixo, que vai apontar o segundo finalista.

A primeira bateria do domingo será entre o havaiano Keanu Asing e Davey Cathels, já defendendo vaga no G-10 no último dia do QS 10000 de São Sebastião. A segunda será australiana, entre Jack Freestone e Cooper Chapman. Na terceira, o neozelandês Ricardo Christie enfrenta o novo recordista de pontos do campeonato, Caio Ibelli, com Miguel Pupo e Michael Rodrigues disputando a última vaga para as semifinais. A primeira chamada do domingo está marcada para as 8h00 na Praia de Maresias.

QUARTAS DE FINAL DO OI HD SÃO PAULO OPEN OF SURFING:
1.a: Keanu Asing (HAV) x Davey Cathels (AUS)
2.a: Jack Freestone (AUS) x Cooper Chapman (AUS)
3.a: Caio Ibelli (BRA) x Ricardo Christie (NZL)
4.a: Miguel Pupo (BRA) x Michael Rodrigues (BRA)

OITAVAS DE FINAL – 9.o lugar com 3.700 e US$ 4.300 de prêmio:
1.a: Keanu Asing (HAV) 12.00 x 7.80 Conner Coffin (EUA)
2.a: Davey Cathels (AUS) 15.80 x 11.36 Mateia Hiquily (TAH)
3.a: Jack Freestone (AUS) 16.67 x 13.44 Gabriel Medina (BRA)
4.a: Cooper Chapman (AUS) 17.60 x 4.13 Thomas Woods (AUS)
5.a: Caio Ibelli (BRA) 18.20 x 17.67 Adriano de Souza (BRA)
6.a: Ricardo Christie (NZL) 16.10 x 11.60 Connor O´Leary (AUS)
7.a: Miguel Pupo (BRA) 14.74 x 8.40 Messias Felix (BRA)
8.a: Michael Rodrigues (BRA) 15.50 x 12.26 Jadson André (BRA)

Por: João Carvalho